quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Poema 23 - Cinzas negras do céu

Chuva de cinzas negras do céu
Caem sobre os corpos úmidos
Num mar de horror e espanto
Num dia solitário e frio
Cinzas negras do céu
Caem violentamente sobre o chão frio
Mudam de direção conforme o vento
Queimam a vida num piscar de olhos
Cinzas de desgraça, ruminantes
Cinzas do que sobrou de alguém
Que de alguém por ninguém, era ninguém
Numa fria tarde de inverno
Cinzas negras do céu
Sobre os túmulos de pessoas perdidas
Sobre pessoas vazias
Despencam trazidas pelo vento
Numa chuva grossa de lágrimas
Num poço sem fundo
Recoberto até a sua boca
Por restos do que sobrou de alguém
Que nada mais são, do que
Cinzas negras do céu

Ass: Marcel Villalobo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Poema 22 - Transatlântico dos Sonhos

Azul do céu, de trás das montanhas
Azul do mar, transpondo o luar
Num transatlântico dos sonhos
Uma aventura no deserto da vida

Em dilemas e perfumes, as bandeirolas tremulam
Num ponto, as quedas d'água transpõem
A energia do movimento sísmico
Abalando a estrutura das monções
No transatlântico a chuva cai

E nas margaridas, o reflexo da pura alma
Num adocicado odor de sentimentos
Em um transatlântico imaginário
Que navega num oceano de predicados

Ah se o azul das claríssimas pétalas
Fosse semelhante ao azul do céu
A cor do mar sereno afastaria a tormenta
Da tempestade que se aproxima
Enquanto o transatlântico não se abala
Flutua sobre o mar, tranqüilo e leve
Indo sem rumo, sem destino

Desejo toda a felicidade do mundo a você!

Ass: Marcel Villalobo