sábado, 31 de maio de 2008

Poema nº5: Vazio

Oh divina impetulancia que me assusta!
Oh, santa maldição que recai sobre meus ombros!
É tudo tão pafúrdico!

Um grão de poeira vazio
No meio de uma sala estreita
No vento que bate da clareira
E do sol adentra a luz que alumia
A corda em teu pescoço
E reflete a dor d'alma no espelho

Oh, ignóbil sabedora
Conhecimento ignorante que assombra
Estupidez de quem serviu a verossimilhança
E no calçado de sua majestade
Viu-se dor e corrupção

Ódio alente que corrompe a alma
Vazio profundo que deturpa a consciência
Ventura desventurosa, que justaposta à insensatez
Fez de tua imagem, mero tapume inútil

Criaturas mortais, dissolutas
Faço de meu último apelo, mera convicção
Aprendei a rebeldia de teu pudor
E faça de teu pensamento, um rumor
Divagando pela estrada campestre
Aprendei a olhar a divina natureza
E compreenderá:
Quem desventuras criar, amaldiçoado será!

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Como o próprio título sugere, esse poema é algo "vazio", de certa forma desprovido de sentimento e com uma temática um tanto confusa e desconexa, além de um vocabulário mais pessoal. Tem a ver com a confusão interior que vivo, que acaba me deixando um pouco "vazio".

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Poema nº4: Soneto ao Fogo

Chama viva, queima e desperta
Flama acesa, deturpa a mente
Destrói teus sentimentos
Queima tuas entranhas

Sabedoria acéfala, poupe-nos
Desfaz-se em faíscas, ardentes
Soberana ascensão, claras e quentes
Chove fogaréu, frio e astuto

Inflama o peito de desejos
Sábia e frenética, limita
O pensamento a cinzas

Pó da vida que nos trás
O acordo entre a vida e a morte
E cerra em teu peito a sorte

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Essa foi uma criação mais simples. Remonta-nos a uma explosão de sentimentos, onde fica em clara evidência o conflito razão X emoção, onde a emoção acaba por vencer. Tem um pouco a ver o momento em que vivo, onde as minhas emoções estão superando as razões. Só espero que isso não me prejudique...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Poema nº3: Eqüilibrio Insano

Robustos campos alegres
Caem sobre a madrugada, cortejando
Santa insanidade, pura loucura
Sã consciência vã
Que seja a loucura, reflexo
Da perturbadora realidade
Seja suas nuances, perfeita simetria
Sua protuberância exala
Odor perfumoso, enxofre cristalizado
Espalhando tédio em suas veias

Seja tua alma, reflexo de tua juventude
A sua jovialidade presente em teu semblante
Seja tua magnitude, espelho para tua ignorância
E espere que sua sanidade, comprometida
Espalhe em seus ramos, purificada conclusão
E seja a metáfora divina, teu pudor
E desviará tem pensamento a outro rumo
E queira desvirtuar a tua mente
Para a estrada da perdição

Atenue-se, vã criatura
Pelos rebeldes campos da loucura
Sublimada manipulação
Subestimada mentalidade!
Porca e suja, malditos sejam
Os sãos, que se deixam levar
Pela primeira onda que surge
E que sabem que tudo aquilo é ruim
E gratificados sejam os loucos
Elogiados e aclamados
Num paradoxo digno de Rotterdam

E criem em torno de si
Um vácuo perfeito
E emerjam desse mundinho limitado
De sombras e calamidades
Acordem para a ventura da vida
Iluminada perfeição
Apreciais as belezas da natureza
E aprendeis a serem dignos
De compaixão

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Como dito anteriormente, meus poemas não seguiriam sempre uma tendência romancista/bucólica. Na verdade este ainda envolve um certo bucolismo, é verdade, mas há de se concordar que ele apresenta uma certa aspereza. Pelo menos é o meu julgamento, pois estou num estado de espírito mais crítico. Ademais, sobre os versos: "Elogiados e aclamados/Num paradoxo digno de Rotterdam", faço clara referência à obra "Elogio da Loucura", de Erasmo de Rotterdam. Tal poema inclusive teve bastante inspiração e foi embasado nas teorias renascentistas e humanistas de Erasmo. É isso.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poema nº2: Bucolismo Romantico

Das profundezas do oceano
Brotam as águas limpidas
Onde nasce a vida
Onde se consome a derradeira morte
Donde há de vir o gélido ar
Onde o crepusculo solar
Nos deixa para trás
A luz do luar

Em teus olhos vedes o verde vale
Frondosa flor que nos admira
Vedes tal grandiosa cor
E sintas a suave brisa
Grandiosa perdição
Que ilumina o teu colo
Fruto de tua ruína
Paraiso de sua redenção

E olharas as estrelas vivas
Pois elas te dirão algo
Lhe guiará no mundo dos sonhos
E lhe mostrará o fruto proibido
Que de tão subestimado
Foi feito bandido
E nos seus olhos vive o universo
E na tua boca, o mel da terra

Gentil maré que nos trás
A distante pernumbra da solidão
Tristeza d'alma, corpo perdido
Encontra na floresta a salvação
E ama a natureza como amou
Aquela que lhe deixou
E olharás o passaro livre
E serás livre também

E o voar da borboleta
Nos trará de volta a felicidade
E fará do pão, vinho
E virá de distânte terra
A bruma sobre nós
Lançando ares metafóricos
Trazendo a sombria proporção
Generosa simetria

E farás de teu epitáfio
A narrativa de todo sua solidão
E em sua epopéia
Transcreverás tua vertigem
E farás de ti mesmo
Uma sombra impudica
E tornarás a saber
Que o belo também é cruel

Então sinta minha presença em ti
Relutante e acolhedora
Criando de forma metaforíca
Conduzindo o lenho ao forno
Faça de sua obra perfeita
Símbolo de tua ousadia
E verás ao fim de tudo
O quanto eu quero te amar

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
O título é uma clara referência ao fato de meu poema misturar tendências romancistas e arcadistas. Não, eu não estou tentando me apegar um estilo, mas esse tema é que deturpa a minha mente. Solidão, paixão, apego com a natureza, acho que é a descrição de meu momento atual. Mas não esperem apenas poemas bonitos, seguindo tal forma, pois quando eu estiver revoltado com algo, esperem por um poema ácido e crítico, talvez até impudico.

domingo, 25 de maio de 2008

Poema nº1: "Augúrios"

Das montanhas em claro verde
Ouve-se o farfalhar das asas
Da águia a voar com liberdade
No seu plano metafísico
Em vales derradeiros
No suor das hastes o ardor
Da Montanha onde incide o Sol
Em proesa divina e impetuosa
Flor do campo há de se admirar
E quem há de discordar
De vôo de asas ao ninho
Em ausência de carinho
Nos irá proporcionar?

Sereno belo e calmo
Nos banha em silêncio
A noite cai veloz
Ao corte do albatroz
Pruma da juventude
Helenísica compaixão
Ao som das trombetas do anuncio
Que a manhã que virá
Será melhor que a noite
Onde veremos o sol brilhar
Longe do ímpeto do luar
Grande sombra projetada
Ao inverno do semblante
A figura da natureza
Figurando no patamar cimeiro
Projetando a sombra inferior
No casulo sombrio da manhã
Onde o frio e o quente dançam
Entrelaçam-se e criam nós
Por força superior, e maçiça
Adornam os vales brilhantes
Ar fresco que te enamora

E vedes tão nebulosa manhã
Tão fria tarde e tão quente noite
E sentes a minha presença
Maculando a sagrada paz
E sentes a brisa suave
Em teu belo e formoso rosto
E sentirás minha falta
E te tornarás uma fria montanha
Gélida e solitária, aparando o vento
Cujo sereno há de tornar
Tortuosa perdição
Cuja chuva há de destruir
Seus sonhos e seus louvores
E tendes a saber então
Que a brisa leve da manhã
É melhor que a tenebrosa tempestade
E ouvirás eu dizendo
As mais suaves palavras
E me ouvirá em cada manhã
E eu saberei te agradar
E sentirás o sabor doce
Do amargo desejo depravado
Donde há de vir o pensamento
Mácula jamais quebrada

Em fora de sintonia está
Em cismar do farfalhar
A borboleta pousa na flor
E do néctar faz seu alimento
E do pólen faz brotar
Divina natureza, em contrapartida
Intervenção assidua será
Em junção de seus segredos
A perdição de nosso luar
Encontrando a acolhedora noite
Agasalhada solução conspira
Em total pranto te direi
E no fim, tudo o que eu sempre sonhei
É pra sempre te amar

Ass: Marcel Villalobo

Notas: Este poema não segue uma métrica nem obedece uma estrutura. Além do que, pode-se encontrar várias características de diferentes escolas literárias, a quem sempre procuro me inspirar, nos verdadeiros mestres do assunto.
O poema fala basicamente de amor, de uma forma bem metafórica e personificada, além de persistir certas dúvidas e conflitos. Enfim, essa é a minha interpretação, afinal, tem a ver com o momento que vivo.

Bem vindos

Bom, eu nunca gostei muito desse negócio de blogs, e enfim.
Mas eu sempre busco maneiras de me expressar. E hoje acabei explorando uma nova.
Conversando com uma pessoa (muito querida, por sinal), descobrimos nossa paixão por poesia, e me animei por isso. Confesso que não sou um grande poeta, se é que posso me intitular um, mas resolvi explorar este maravilhoso mundo, e estou criando este blog para postar meus poemas. Eles podem não ser grande coisa, mas para mim tem muito significado. Não sigo à risca uma métrica, nem uma estrutura, e sequer abordo um tema. Apenas falo o que me vem em mente, e as vezes pode soar meio "psicodélico", ou simplesmente "sem sentido".
Sem mais delongas, espero que gostem de minhas humildes poesias. Encarem como uma forma de expressão da alma, e não como uma arte cultural popular propriamente dita.

"O mundo sem poesia seria como o a música sem melodia".