domingo, 14 de dezembro de 2008

Poema 26 - A Razão

Luz que me guiará eternamente
Passou em teus olhos
Veio de montes distantes
Passou feito um tufão
Levou meus pensamentos para longe

Tu és uma doce sutileza
Um encanto sereno
Uma flor com pétalas
Com puro néctar e cor

Por mil desilusões, não sonharia em te encontrar
Um brinquedo radioativo, uma fusão
Um elemento instável, a procura da luz
Por mil raios, faria isso por você

Não, não tente me entender jamais
Não tente entender a vida
Viva-a do jeito que ela lhe for posta
Aproveite-a enquanto é tempo
O tempo é sábio, é a razão
É aquilo que guiará a todos nós...

Ass: Marcel Villalobo

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Poema 25 - Palavras Jogadas Fora

Palavras jogadas fora
Como a força de um tufão
Minhas veias pulsam
Sedentas de mais alma
Procurando o abismo final

Oh doce sentimento de solidão...

Se o Sol voltar amanhã
Esqueceremos todas as promessas feitas
E então passaremos aquela tarde juntos
E veremos o Sol se por novamente
E veremos as estrelas na noite clara
E a lua iluminará nossa serenata
E nossa alma será uma só

Ah se o Sol voltasse amanhã...

Trovejava enquanto eu cantava
Entoava as odes a plenos pulmões
Todas as lembranças em um lenço umedecido
Trovas, rodas, trovão
E as páginas amareladas de um diário velho
Remontam a um passado recente
Que não irá mais voltar

Oh inocente encantamento de paixão...

Floresce a primavera, floresce o mundo
Farfalha o favo no feto feudal
Passa-se o tempo, o mundo gira
Queima toda a carne em flor
Na pele, o aroma fluvial
Fatal ilusão de sentimentos

Ah doce encanto primaveril...



Ass: Marcel Villalobo

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Poema 24 - Sons

Não suportes mais as odes
A clara evidência em anil
Azul, prata, etéreo
Cianeto, Cinza, Cirúrgico, Cinzas
Mel pulverizador

Não ouvires mais as trombetas
Engajadas na perfeita tropa
Banda, música, forma
Ouro, Ourives, Ouvidor, Ouvido
Céu catalisador

Não tentes mais temer o Sol
Iluminada paisagem ao norte
Luz, sombra, água
Ensolarada, Ensombreada, Ensurdecida, Ensandecida
Véu rasgador

Não saibas mais as desventuras do amor
Rasgando a alma em pedaços
Carne, unha, sangue
Pálida, Parada, Parnasiana, Paixão
Fel destruidor

Não venhas a entender tudo o que lhe digam
Entenda apenas aquilo que lhe convém
Palavra, fonema, letra
Som, Som, Som, Som
Em notas de veludo
Em repetições, em sensações
Em tudo

Ass: Marcel Villalobo

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Poema 23 - Cinzas negras do céu

Chuva de cinzas negras do céu
Caem sobre os corpos úmidos
Num mar de horror e espanto
Num dia solitário e frio
Cinzas negras do céu
Caem violentamente sobre o chão frio
Mudam de direção conforme o vento
Queimam a vida num piscar de olhos
Cinzas de desgraça, ruminantes
Cinzas do que sobrou de alguém
Que de alguém por ninguém, era ninguém
Numa fria tarde de inverno
Cinzas negras do céu
Sobre os túmulos de pessoas perdidas
Sobre pessoas vazias
Despencam trazidas pelo vento
Numa chuva grossa de lágrimas
Num poço sem fundo
Recoberto até a sua boca
Por restos do que sobrou de alguém
Que nada mais são, do que
Cinzas negras do céu

Ass: Marcel Villalobo

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Poema 22 - Transatlântico dos Sonhos

Azul do céu, de trás das montanhas
Azul do mar, transpondo o luar
Num transatlântico dos sonhos
Uma aventura no deserto da vida

Em dilemas e perfumes, as bandeirolas tremulam
Num ponto, as quedas d'água transpõem
A energia do movimento sísmico
Abalando a estrutura das monções
No transatlântico a chuva cai

E nas margaridas, o reflexo da pura alma
Num adocicado odor de sentimentos
Em um transatlântico imaginário
Que navega num oceano de predicados

Ah se o azul das claríssimas pétalas
Fosse semelhante ao azul do céu
A cor do mar sereno afastaria a tormenta
Da tempestade que se aproxima
Enquanto o transatlântico não se abala
Flutua sobre o mar, tranqüilo e leve
Indo sem rumo, sem destino

Desejo toda a felicidade do mundo a você!

Ass: Marcel Villalobo

sábado, 23 de agosto de 2008

Poema nº21: Ah se eu pudesse

Ah se eu pudesse calar meu interior
E saltar do abismo sem sentir dor
Ah se eu pudesse esquecer tudo
Não faria da vida um singelo miúdo

Se eu pudesse congelar o tempo
O faria sem constrangimento
Se eu pudesse voltar ao passado
Enterraria meus fantasmas, um a um
Acertaria meus erros
Mudaria tudo o que pudesse mudar
Mas não posso!

O sentimento é uma brasa fria
Carregada de tortura e alegria
Como uma chuva fina em dia de Sol
Com o arco-íris a contemplar
A luz e os cristais

E no pêndulo das emoções
As hortaliças a balançar com vento
Mostram o caminho articulado
Dentre as montanhas sinuosas
Mostram-me que o que aconteceu,
Aconteceu, e não tem volta
E que tudo passa e prossegue

Ah se eu pudesse parar o vento...

Ass: Marcel Villalobo

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Poema nº20: Críticas e Suspiros

I

Uma sensação de alivio pairou no ar
No paiol dos sentimentos vivos
Passou como um furacão veloz
Deixando marcas profundas em terra
Queimadas como ferro em brasa
Atirando a concepção de lado

Um pássaro comedido voa
O farfalhar nobre de suas asas
Fazem o feito funesto e fatídico
Numa feitoria de reis e nobres
Num paladar de sangue e vinho
Queimando a vida como se fosse o nada
Jogando em latas a inocência perdida

II

Vela que ilumina este olhar
Falsidade e calunia
Enganação e pura futilidade
Na sua voz de uma garota
Que por ser fera, foi escondida
Pela bela, que por representação
Transmitiu a mesma mensagem de paz
Ainda que de forma estúpida e difamatória

Representa-se o mundo em forma de covardia
Em meio a uma pacífica retórica
Surge a turbulência e a prepotência
De algo que sequer podemos observar
Pois o abafar dos causos nos passa
A nobre sensação da beleza e do puro
Nos olhos de quem não quer enxergar
O outro lado da rosa vermelha

III

Céu claro e límpido de luar
A brisa morna anuncia a chegada
Dos novos tempos, fugaz percepção
Eles trarão a primavera das flores
E com elas desabrocharão os sentimentos
Verdadeiros e nobres
Feito dos povos, um manifesto mundial
Totalmente unilateral, e a junção
Do tédio roto e das pétalas amarelas
De um Ipê numa beira roça
Fará a tração assimétrica
Do tempo do amor

IV

Como é bela a rosa do tempo

Ass: Marcel Villalobo

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Poema nº19: Sem futuro, não há o amanhã

Páginas viradas de um livro vazio
Não movem moinhos, não mudam o movimento
São uma miragem mirabolante
Ternura macia, maciça
Hei de executar essa discordância
Nascidos ao véu, há mister gritar:
Sem futuro, não há o amanhã.

No vazio do vácuo, vernáculo;
Vedes as videiras verdes
Nas vozes vazias vidrando
O som de um violão violando
O pacífico vale vertiginoso
E na sua cabeça, pairará o pensamento:
Sem futuro, não há o amanhã.

Som das trombetas trovoando
No trovadorismo ao som do trovão
O trotar dos cavalos tinhosos
Em imensa treva sonora
Trazidos na imensidão do tempo
E terás um dia de dizer:
Sem futuro, não há o amanhã.

Sem amanhã, não há futuro...

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Me inspirei em duas coisas nesse poema: na música "Leave no Trace", do Anathema e nos poemas da época do Simbolismo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Poema n° 18: Contos e Síntese

I - Páginas de um jornal nunca lido

As palavras novas da manhã
Gravadas num jornal qualquer
Levado pela brisa do outono
Junto ao lado das ilusões

II - Solidão e saudades

Saudade é nada mais que solidão
Com companhia de alguém distante
As cartas que rasguei
Continham pedaços do meu coração

III - Manipulação

No alvorecer do novo dia
Perdido vendo TV
Vendendo minha alma ao diabo
Precocemente iludido
Entre a fumaça de um charuto
Que entra pela porta aberta
Junto do ar frio do inverno

IV - Memórias de alguém que morreu

Na página amarela de um diário
Existem contos grotescos
Assinados por alguém
Que perdeu a vida na guerra
Mas não perdeu sua alma por lutar
Perdeu apenas a vontade de viver
E de lutar pelo que é dos outros

V - O Bêbado

Solitário e triste, o bêbado
No frio de junho, embaixo da ponte
Bebendo para esquecer suas ilusões
Sua vida miserável de pedinte
Sua alma perdida numa garrafa de pinga
E toda a vida sofrida
Que ninguém sabe sequer especular sobre

VI - O suicídio daquele que nunca amou

Na janela do último andar do edifício
Um homem olha para baixo
E vê toda a sua vida por ali passando
A sua infância pobre e sofrida
Sua adolescência conturbada, regada a entorpecentes
E vê que jamais se tornou homem
Pois jamais conseguiu amar alguém
E jamais foi amado
Por nunca pensar em si mesmo
E não conhecer o amor próprio
E da sua força e revolta
Num salto, e queda livre
Em quatro segundos
30 anos de vida se vão
Pelo ralo das ilusões

VII - Síntese

E nas páginas de um jornal
Contemplei meu vazio
Meus sentimentos manipulados
Por alguém que por ele morreu
Bebendo até se perder
Se matando por não amar

Ass: Marcel Villalobo


quinta-feira, 31 de julho de 2008

Poema nº17: Ciclo Eterno

Fantástica profusão dos céus
Trazem a chuva dos novos tempos
E refazem a confusão na minha cabeça
Em períodos de doçura e de amargura
Pode me tocar?
Pode me sentir real?

A brisa leve da manhã
Abrem as páginas amarelas
De um livro em branco
Em que nunca foram escritas
Nem memórias, nem ficção
É o simples diário de uma pessoa vazia
De alma e de espírito
E solitária, mesmo em companhia
Por sempre buscar a felicidade
E teimar não encontrá-la

Numa garrafa de vinho tinto
Tento encontrar a cura da mágoa
E na névoa cinzenta
Tento puxar o ar, e ele não vem
E o Sol teima em não mudar o dia
E os dias sempre que passam, tornam-se iguais
E os anos repetem-se num ciclo vicioso

E na fúria dos pensamentos
Criei fantasmas, enterrei
E desenterrei passados
Próximos e distantes
E tudo que um dia tornou-se passado
Hoje é o meu presente
E pode ser o meu futuro

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Simplesmente eu, na forma mais pura, nesses meus últimos dois anos. Dispensa comentários adicionais.

domingo, 27 de julho de 2008

Poema n°16: A brisa do inverno

Bela manhã de inverno
Seduz a alma sombria
Na frieza de uma brisa
Que sopra sobre as árvores
No arrepio do lobo branco
Em sua selvageria adormece

Corvos voam sobre o campo
No cemitério das almas perdidas
A arquitetura mágica transcende
Em palácios sua cor cinza
E pelos raios de Sol
Adquirem tons dourados
E renasce a vida em todas as cores!

E na eternidade gelada e sombria
Em teu rosto resplandece a magia
E na pureza daquela tarde fria
O brilho de teu olhar apaziguou
A calmaria de lobo que uivou

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Atendendo a pedidos...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Poema nº15: O último suspiro do Poeta

O último suspiro do poeta
Bêbado na sarjeta
Perdido em suas ilusões passadas
Em papel timbrado e qualificado
Em passado de glória e juventude
Ficou com seu nome gravado na eternidade
E morreu deixando seu legado
Sua sabedoria proclamada
Em poesias e cânticos
Deixou-se levar pela ruína
Pelos desafetos morais
E pela opressão

O último suspiro do poeta
Veio da solidão
Veio do sentimento de culpa
De quem é inocente
E perdeu a vida em meio a nada
Foi-se estrela brilhante
Hoje tem sua idéia gravada
Nas páginas amareladas
De um livro velho e esquecido
Na gaveta de um armário trancado

O último suspiro do poeta
Que morreu sem ser amado...

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Me inspirei um pouco no livro "Lira de Vinte Anos", de Alvares de Azevedo. Apesar de o achar um tanto impessoal, julgo que esta é uma de minhas criações mais belas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Poema nº14: Dias Tristes

Dias tristes passam como os trens
Partem e chegam, vêm de todos os lugares
Levando pessoas e sentimentos
Nos trilhos da vida
Rasgam e cortam as distâncias
Traçam curvas rumo ao desconhecido
Rumo ao novo
Entre pessoas distantes
Dias tristes vem e vão
Alternam-se dentre alegria e tristeza
Entre o novo e o velho
Eu aprendi que a vida é assim
E as atenuantes cores do céu estrelado
Me mostram que amor não mede distância
E que barreiras podem ser quebradas
E que nada é tão fácil

Nada é por acaso...

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Um resumo do meu atual momento. De todos, acho que foi o menos bucólico, mas eu não consigo fazer um poema sem recorrer a natureza, acho que isso é um vício já. =P

Mas enfim, esse é o meu atual momento: uma montanha russa, ou um trem fazendo curvas nas montanhas.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Poema nº13 - Triste Tempestade

Na negritude do céu
As cinzentas nuvens anunciam a tempestade
E uma onda triste abala nossos alicerces
Mas nem tudo é o que parece
E nem tudo foi como planejamos
Mas é fato que o céu está triste
E derrama lágrimas profundas
Dentro do meu peito

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Esse fala por si só.

sábado, 5 de julho de 2008

Poema nº12: Da Natureza do Amor

Ventos alísios do norte
Trazem as boas lembranças
Da época em que se era feliz
E que se era devoto da natureza

Na carne, o instinto lhes concebeu
Na fresca manhã, a doce presença
Das incertezas, nasceram as certezas
E das certezas, as incertezas

E no futuro, nasceu o passado
Que o hoje jamais conseguiria apagar
E naquele favo de mel, a amargura
O sentimentalismo exacerbado de quem nunca viu

E vedes o fogo que é amar alguém
Mas a verdade está na pureza de amar
Louco é quem nunca amou na vida
E quem deixou de amar por ventura

E infeliz é quem ama por dinheiro
Em que a felicidade é trocada pela matéria
E do desapego à natureza do ser
Um ser vazio, se torna.

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
De todas as minhas criações até agora, acho que essa foi a mais "clichê". Confesso que ultimamente não ando criando muitos poemas, talvez pelo meu momento, que eu não consigo expressar direito.

sábado, 28 de junho de 2008

Poema nº11: Sensações

Naquele frio ensurdecedor
Naquela escuridão amarga
O doce aroma de cores
Fez-me sentir na pele o brilho
Do teu nobre olhar

Sensação metafísica e gananciosa
Na flor da pele sentiu a brisa
Preso à Terra das ilusões
Numa crítica avassaladora
Num futuro sem esperança
Tomando uma taça de vinho

E entre baforadas de charuto
Homens decidem por outros
E outros derramam sangue
E dentre todas as metáforas
Em sensações distintas
Encontro-me eu em confusão

E sei disso.

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Confusão, será o meu epitáfio.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Poema nº10: Acabou

Acabou
Acabou o que era festa
Acabou
Acabou a fantasia
Acabou o que tinha de acabar
Acabou
Acabou-se o verde
Acabou-se um sonho
Acabou-se tudo
Acabou-se nada
Acabou-se o mundo
Acabou


Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Mais um poema para expressar o meu momento. É triste saber disso, mas como dizem, tudo que começa rápido, termina rápido. E senti isso na pele mais uma vez.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Poema nº9: Solidão e Superação

Sentado num canto escuro
Com whisky e um cigarro na mão
Encaro a minha solidão
Num papel de parede negro
No canto das ilusões

No campo das contradições
Em silenciosa percepção
Oscilando entre cores vivas
E tons neutros
Numa flâmula em chamas
Inflamando o pulsar da rosa
Encarando a percepção do olhar

E no lenço das contradições
Colhi os frutos da tempestade
E no abismo em que me atirei
Sequer vi seu último sorriso
E queira isso ser bom

Num dia cinza e escuro
Encostado nos meus pensamentos
Dei adeus a minha solidão
E com ela nasceu o sol
E eu vi novamente o brilho
Num papel de parede azul
No canto dos sonhos

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Acho que resumi a minha vida nesses últimos dois anos neste poema.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Poema n°8: Luz

Do infinito espaço
Surge em velocidade plena
A luz que atinge em totalidade
A dimensão metafísica do espaço
Em metáfora assombrosa
Em devaneios e vertigens
Em delírios e espantos
Aliterações, zeugmas, apóstrofes
Alterações na espécie
Mutação em cadeia
Raios gama alcançam
Cintilam nos olhos de quem nunca viu
Atravessam todo o plano
Reagem com o tempo
No anteparo das ilusões
Criei fantasmas

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Algo psicodélico.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Poema nº7: Estrelas

Hoje eu olhei as estrelas
Contemplando seu brilho esplêndido
De encontro aos meus olhos
E o brilho do teu olhar assemelha-se
Ao brilho das estrelas

E contemplando a escuridão
Pude contemplar meus pensamentos
E olhando as estrelas
Pude sentir o teu olhar

Nem mesmo a brisa do mar
Iguala-se ao seu olhar
Nem mesmo a mais frondosa árvore
Tem a tua jovialidade
Tem tua espirituosidade

E na brisa em meu passo
Pude sentir teu abraço
E no barulho das águas na foz
Pude ouvir a tua voz
Me chamando, me encantando
Me encantando...

Hoje eu olhei as estrelas
Elas me guiarão até você
Levarão-me ao infinito passeio
Levarão-me à felicidade
E sentirei o brilho de teu olhar

E o brilho do teu olhar assemelha-se
Ao brilho das estrelas

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Dedico esse poema a uma única pessoa, muito especial, que prefiro não falar sobre. :)

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Poema nº6: O despertar dos novos tempos

Oh, luz que me alumia
Oh sede que me faz pensar
Viva a cor da vida
Viva a alegria de viver

No ninho do pássaro, alegre voar
Farfalhar das asas aproxima-se
E dentre as belas árvores
A liberdade estende-se aos meus pés

A terrível tempestade se foi
Agora é a hora da liberdade

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Enfim, acho (e espero eu que esteja certo) que finalmente enterrei meus fantasmas do passado. É hora de seguir em frente, viver o futuro, e torcer para que tudo dê certo.

sábado, 31 de maio de 2008

Poema nº5: Vazio

Oh divina impetulancia que me assusta!
Oh, santa maldição que recai sobre meus ombros!
É tudo tão pafúrdico!

Um grão de poeira vazio
No meio de uma sala estreita
No vento que bate da clareira
E do sol adentra a luz que alumia
A corda em teu pescoço
E reflete a dor d'alma no espelho

Oh, ignóbil sabedora
Conhecimento ignorante que assombra
Estupidez de quem serviu a verossimilhança
E no calçado de sua majestade
Viu-se dor e corrupção

Ódio alente que corrompe a alma
Vazio profundo que deturpa a consciência
Ventura desventurosa, que justaposta à insensatez
Fez de tua imagem, mero tapume inútil

Criaturas mortais, dissolutas
Faço de meu último apelo, mera convicção
Aprendei a rebeldia de teu pudor
E faça de teu pensamento, um rumor
Divagando pela estrada campestre
Aprendei a olhar a divina natureza
E compreenderá:
Quem desventuras criar, amaldiçoado será!

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Como o próprio título sugere, esse poema é algo "vazio", de certa forma desprovido de sentimento e com uma temática um tanto confusa e desconexa, além de um vocabulário mais pessoal. Tem a ver com a confusão interior que vivo, que acaba me deixando um pouco "vazio".

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Poema nº4: Soneto ao Fogo

Chama viva, queima e desperta
Flama acesa, deturpa a mente
Destrói teus sentimentos
Queima tuas entranhas

Sabedoria acéfala, poupe-nos
Desfaz-se em faíscas, ardentes
Soberana ascensão, claras e quentes
Chove fogaréu, frio e astuto

Inflama o peito de desejos
Sábia e frenética, limita
O pensamento a cinzas

Pó da vida que nos trás
O acordo entre a vida e a morte
E cerra em teu peito a sorte

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Essa foi uma criação mais simples. Remonta-nos a uma explosão de sentimentos, onde fica em clara evidência o conflito razão X emoção, onde a emoção acaba por vencer. Tem um pouco a ver o momento em que vivo, onde as minhas emoções estão superando as razões. Só espero que isso não me prejudique...

terça-feira, 27 de maio de 2008

Poema nº3: Eqüilibrio Insano

Robustos campos alegres
Caem sobre a madrugada, cortejando
Santa insanidade, pura loucura
Sã consciência vã
Que seja a loucura, reflexo
Da perturbadora realidade
Seja suas nuances, perfeita simetria
Sua protuberância exala
Odor perfumoso, enxofre cristalizado
Espalhando tédio em suas veias

Seja tua alma, reflexo de tua juventude
A sua jovialidade presente em teu semblante
Seja tua magnitude, espelho para tua ignorância
E espere que sua sanidade, comprometida
Espalhe em seus ramos, purificada conclusão
E seja a metáfora divina, teu pudor
E desviará tem pensamento a outro rumo
E queira desvirtuar a tua mente
Para a estrada da perdição

Atenue-se, vã criatura
Pelos rebeldes campos da loucura
Sublimada manipulação
Subestimada mentalidade!
Porca e suja, malditos sejam
Os sãos, que se deixam levar
Pela primeira onda que surge
E que sabem que tudo aquilo é ruim
E gratificados sejam os loucos
Elogiados e aclamados
Num paradoxo digno de Rotterdam

E criem em torno de si
Um vácuo perfeito
E emerjam desse mundinho limitado
De sombras e calamidades
Acordem para a ventura da vida
Iluminada perfeição
Apreciais as belezas da natureza
E aprendeis a serem dignos
De compaixão

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
Como dito anteriormente, meus poemas não seguiriam sempre uma tendência romancista/bucólica. Na verdade este ainda envolve um certo bucolismo, é verdade, mas há de se concordar que ele apresenta uma certa aspereza. Pelo menos é o meu julgamento, pois estou num estado de espírito mais crítico. Ademais, sobre os versos: "Elogiados e aclamados/Num paradoxo digno de Rotterdam", faço clara referência à obra "Elogio da Loucura", de Erasmo de Rotterdam. Tal poema inclusive teve bastante inspiração e foi embasado nas teorias renascentistas e humanistas de Erasmo. É isso.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Poema nº2: Bucolismo Romantico

Das profundezas do oceano
Brotam as águas limpidas
Onde nasce a vida
Onde se consome a derradeira morte
Donde há de vir o gélido ar
Onde o crepusculo solar
Nos deixa para trás
A luz do luar

Em teus olhos vedes o verde vale
Frondosa flor que nos admira
Vedes tal grandiosa cor
E sintas a suave brisa
Grandiosa perdição
Que ilumina o teu colo
Fruto de tua ruína
Paraiso de sua redenção

E olharas as estrelas vivas
Pois elas te dirão algo
Lhe guiará no mundo dos sonhos
E lhe mostrará o fruto proibido
Que de tão subestimado
Foi feito bandido
E nos seus olhos vive o universo
E na tua boca, o mel da terra

Gentil maré que nos trás
A distante pernumbra da solidão
Tristeza d'alma, corpo perdido
Encontra na floresta a salvação
E ama a natureza como amou
Aquela que lhe deixou
E olharás o passaro livre
E serás livre também

E o voar da borboleta
Nos trará de volta a felicidade
E fará do pão, vinho
E virá de distânte terra
A bruma sobre nós
Lançando ares metafóricos
Trazendo a sombria proporção
Generosa simetria

E farás de teu epitáfio
A narrativa de todo sua solidão
E em sua epopéia
Transcreverás tua vertigem
E farás de ti mesmo
Uma sombra impudica
E tornarás a saber
Que o belo também é cruel

Então sinta minha presença em ti
Relutante e acolhedora
Criando de forma metaforíca
Conduzindo o lenho ao forno
Faça de sua obra perfeita
Símbolo de tua ousadia
E verás ao fim de tudo
O quanto eu quero te amar

Ass: Marcel Villalobo

Notas:
O título é uma clara referência ao fato de meu poema misturar tendências romancistas e arcadistas. Não, eu não estou tentando me apegar um estilo, mas esse tema é que deturpa a minha mente. Solidão, paixão, apego com a natureza, acho que é a descrição de meu momento atual. Mas não esperem apenas poemas bonitos, seguindo tal forma, pois quando eu estiver revoltado com algo, esperem por um poema ácido e crítico, talvez até impudico.

domingo, 25 de maio de 2008

Poema nº1: "Augúrios"

Das montanhas em claro verde
Ouve-se o farfalhar das asas
Da águia a voar com liberdade
No seu plano metafísico
Em vales derradeiros
No suor das hastes o ardor
Da Montanha onde incide o Sol
Em proesa divina e impetuosa
Flor do campo há de se admirar
E quem há de discordar
De vôo de asas ao ninho
Em ausência de carinho
Nos irá proporcionar?

Sereno belo e calmo
Nos banha em silêncio
A noite cai veloz
Ao corte do albatroz
Pruma da juventude
Helenísica compaixão
Ao som das trombetas do anuncio
Que a manhã que virá
Será melhor que a noite
Onde veremos o sol brilhar
Longe do ímpeto do luar
Grande sombra projetada
Ao inverno do semblante
A figura da natureza
Figurando no patamar cimeiro
Projetando a sombra inferior
No casulo sombrio da manhã
Onde o frio e o quente dançam
Entrelaçam-se e criam nós
Por força superior, e maçiça
Adornam os vales brilhantes
Ar fresco que te enamora

E vedes tão nebulosa manhã
Tão fria tarde e tão quente noite
E sentes a minha presença
Maculando a sagrada paz
E sentes a brisa suave
Em teu belo e formoso rosto
E sentirás minha falta
E te tornarás uma fria montanha
Gélida e solitária, aparando o vento
Cujo sereno há de tornar
Tortuosa perdição
Cuja chuva há de destruir
Seus sonhos e seus louvores
E tendes a saber então
Que a brisa leve da manhã
É melhor que a tenebrosa tempestade
E ouvirás eu dizendo
As mais suaves palavras
E me ouvirá em cada manhã
E eu saberei te agradar
E sentirás o sabor doce
Do amargo desejo depravado
Donde há de vir o pensamento
Mácula jamais quebrada

Em fora de sintonia está
Em cismar do farfalhar
A borboleta pousa na flor
E do néctar faz seu alimento
E do pólen faz brotar
Divina natureza, em contrapartida
Intervenção assidua será
Em junção de seus segredos
A perdição de nosso luar
Encontrando a acolhedora noite
Agasalhada solução conspira
Em total pranto te direi
E no fim, tudo o que eu sempre sonhei
É pra sempre te amar

Ass: Marcel Villalobo

Notas: Este poema não segue uma métrica nem obedece uma estrutura. Além do que, pode-se encontrar várias características de diferentes escolas literárias, a quem sempre procuro me inspirar, nos verdadeiros mestres do assunto.
O poema fala basicamente de amor, de uma forma bem metafórica e personificada, além de persistir certas dúvidas e conflitos. Enfim, essa é a minha interpretação, afinal, tem a ver com o momento que vivo.

Bem vindos

Bom, eu nunca gostei muito desse negócio de blogs, e enfim.
Mas eu sempre busco maneiras de me expressar. E hoje acabei explorando uma nova.
Conversando com uma pessoa (muito querida, por sinal), descobrimos nossa paixão por poesia, e me animei por isso. Confesso que não sou um grande poeta, se é que posso me intitular um, mas resolvi explorar este maravilhoso mundo, e estou criando este blog para postar meus poemas. Eles podem não ser grande coisa, mas para mim tem muito significado. Não sigo à risca uma métrica, nem uma estrutura, e sequer abordo um tema. Apenas falo o que me vem em mente, e as vezes pode soar meio "psicodélico", ou simplesmente "sem sentido".
Sem mais delongas, espero que gostem de minhas humildes poesias. Encarem como uma forma de expressão da alma, e não como uma arte cultural popular propriamente dita.

"O mundo sem poesia seria como o a música sem melodia".